A importância do "Metacall"

Muitas pessoas me procuram querendo saber o que eu mudaria no deck delas e me enviam suas decklists. Eu geralmente respondo com a seguinte pergunta:  

“Quais decks você acredita que serão os mais populares no PRÓXIMO torneio no qual participará?”

Essa pergunta é crucial para qualquer hipótese de sucesso que você vislumbre ter a longo prazo.

Esse tipo de raciocínio se chama “metacall”.

O “metacall” é um termo em que transcreve, justamente, a pergunta feita acima. Ele é o estudo de um determinado metagame com o intuito de mensurar certos aspectos em relações aos prováveis decks usados e com isso adaptar as suas escolhas em relação a esse resultado.

Ficou complicado? Para simplificar: É saber se determinado deck ou carta vai ser eficiente, na maioria dos casos, no torneio que se almeja participar.

Essa leitura do metagame se tornou imprescindível para ter um resultado consistente hoje em dia, pois, você pode participar de um torneio e jogar contra, teoricamente, QUALQUER DECK, ao contrário de antigamente quando havia quatro ou cinco decks com os quais você deveria se preocupar. As pessoas sempre pediram variedade no jogo, porém essa é uma das repercussões negativas dessa diversidade.

A variedade não seria tão complicada para tomarmos nossas decisões se os decks de hoje não fossem tão extremos. Você pode querer usar Maxx “C” de maindeck contra Wind-Up, mas é uma carta extremamente ruim contra Heroes, Dark World, Chaos Dragon, entre outros É aí que o “metacall” entra. Essa decisão só pode ser tomada, com certa exatidão, caso você tenha alguma informação das chances de você jogar contra múltiplos Wind-Ups nos rounds do suíço, por exemplo.

Esse tipo de decisão, feita corretamente, GANHA torneios, porém, se tomadas incorretamente comprometerão seu desempenho. Eu tenho um exemplo particular recente que exemplifica bem como esse raciocínio é relevante. No último torneio do DuelShop eu joguei com Inzektor. Como eu imaginava que Wind-Up seria muito popular, usei dois Maxx “C” e um Effect Veiller de “maindeck”, cartas ótimas nessa “matchup”. Eu estava errado sobre o meu “metacall”. Nos sete rounds do suiço, joguei contra cinco Heroes um T.G. e um Antimeta, ou seja, eu tomei Skill Drain nos sete jogos. Minhas “hand traps” saíram em todas as partidas na hora do  side e eu tenho certeza que elas me custaram alguns Games 1. É possível concluir que eu tive um “metacall” EXTREMAMENTE errado. Embora os Wind-Ups tenham sido relevantes no torneio, inclusive ficando em primeiro e segundo lugares com os meus amigos Willians e João Pedro, eles não eram tão populares quanto eu havia previsto. Isso me gerou um 5-2, ficando em 11º lugar e encerrando uma longa sequencia de top8.

No metagame atual é impossível você cobrir todas as lacunas que seu deck possa vir a ter e é óbvio que nem todas as cartas serão acima da média em todas as partidas. Por isso essa reflexão sobre o que você PODE jogar contra é tão necessária. A ideia aqui é chegar o mais perto possível de uma resposta que reflita a realidade.

E como fazer isso? Ao longo da minha carreira já fiz “metacalls” muito precisos de torneios fora da minha cidade que me renderam ótimos resultados, ao contrário desse último, obviamente. Existem alguns “movimentos” com os quais você deve se atentar para fazer esse tipo de leitura de forma correta:

- Resultado dos últimos torneios do local onde se pretende jogar: As pessoas são altamente influenciáveis, logo, se determinado deck ganhou o último torneio, é razoável inferir que este possa ter certa representatividade no próximo.

- Resultado dos últimos torneios de grande porte Mundial: Da mesma forma que as pessoas são influenciadas por resultados locais,  também levam em consideração outros torneios, de âmbito internacional, principalmente os YCS. Então é bom estar antenado e se atualizar sempre.

- Coleção recém-lançada: Muitas pessoas gostam de usar os “decks novos”. Sempre que um novo booster é lançado, e com ele vários arquétipos, existe uma tendência natural dos jogadores pela novidade. Fique atualizado sobre suas interações e efeitos, pois eles podem ser relevantes e você, caso não esteja preparado, pode perder um jogo por por desconhecer o funcionamento daquele novo deck.

- Mercado de cartas: Fique atento às movimentações feitas em relação às cartas adquiridas por jogadores do metagame estudado. Se muitas pessoas estão à procura de determinadas cartas, é possível que estas sejam para completar o deck que eles usarão no próximo torneio.

Lembrem-se que é possível criar um “metacall” eficiente para torneios em diferentes lugares, mesmo sem frequentar os mesmos. Basta estarem sempre atualizados e estudar resultados de torneios recentes do local onde se pretende jogar.

Treine esse tipo de percepção, pois ela vai te ajudar com o seu próprio jogo e com as decisões sobre como montar seu deck. Informação é poder, não se esqueçam disso.

Por enquanto é isso. Espero que tenham gostado. Até a próxima galerinha!

E lembrem-se:

É muito menos sorte do que você imagina...

PRRJ